Dentro de mim um pato, pata aqui, pata acolá; andando o pato para ver o que que há.
Expulso o pato, entrou no mato; à clareira se avista a anta com sua cara de carranca. Chega e não dança, expõe a pança e planta. Dali só sai à andança por vontade de lembrança ou por amigo que se faça criança. Desesquece o almoço e dança, desponta o bicho assanhado e sem requebrado. Acabou a música ela pára, escuta; perde o fio do movimento.
No silêncio pensa música - vento forte -, bate e prolongada a tônica. Pensa sereno, firme, viril - como se faz boa estirpe - ao ouvir música. A poa atenta para pensar porque não quer ser dita instintiva, primitiva menor. O pato gosta da comodidade do assento, diz que não quer dançar, mas não sabe - sabe não, sabe? -, é o que ele quaquareja aqui e ali por ser quaquarejo fácil, vida ao alcance das patas - "COHE!". A anta não se importa - seria um descuido se o fizesse - representar ao palco com ela o pato, que já diverte pelo esmero do andar e a relevância do bico, que se confunde com sua própria imagem.
Pato e anta vestem-se humanos, aturam-se engravatados(last but not least), passam como simples, coesos. Entende-se por irracional o ilógico, o insensato - quantum de polpa da alma -, a razão fugida entre dois números inteiros...
"Plaudite amici!" (Aplaudi, amigos!)
"Lalaia lalaiáhhh lailá Lalaiá lalaiáhhh lailah Lalaiá lalaiáh pam pamnampam pam pampam E PERCA PESO AGOOORAAA !!!" Móveis Colonias de Acaju _IDEM.
Ecce homo (Eis o homem)
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
sábado, 18 de agosto de 2007
Allegro con spirito
Agora eu tenho em mim um homem que quer e até implora para ganhar. Não entendeu do não previsto enlace tortuoso desse mar de amar. Agora não é mais, é nova profecia dos deuses.
Confio. Tenho que um violoncelista não "acabou por encontrar" no violão o timbre da consciência altiva, dona reveladora da alma, motriz do sentimento vivo, mãe coletora de todas as paixões. Que se saiba: beijo não se pede, desejo não se define em mapa, amor não é moeda de troca.
Não me diga que não queres. O que teus gestos exaltados e cheios de gozo se disseram, sei que foram hesitantes.Não me pergunte "o que" para saber o "como" tracei e percebi da maravilha que foram as coisas, se, afinal, o que fores sem saber ? Em que momento deram-se os erros atropelados por mais erros durante a expressão partida - meio estranha, meio contida - que a consciência em vigília não atentou para o crime da ilusão ? Descreio, sei o que me causou, o que me fizeste. Faço perguntas para dialogar com o entrave da negação e encher o vão que me cobriu, tudo isso para me sentir melhor em ti.
Até pena eu de mim comunguei e excomunguei quando já não mais era nobre. Pedi por gratidão, apontei para a louvável expressão romântica da doação desnuda, digna de incontestável reconhecimento, e então, pedi que fosses o quão clara não consegui ser. Dispus-me a rasgar o coração exultante em palavras ingênuas e frias, no assalto do desejo à consciência.
Queime a madeira fria, acalente os meus anseios em aconchego, derrete os nós da apreensão. Amadurece coração amado, e ama a forma inédita de amar.
Confio. Tenho que um violoncelista não "acabou por encontrar" no violão o timbre da consciência altiva, dona reveladora da alma, motriz do sentimento vivo, mãe coletora de todas as paixões. Que se saiba: beijo não se pede, desejo não se define em mapa, amor não é moeda de troca.
Não me diga que não queres. O que teus gestos exaltados e cheios de gozo se disseram, sei que foram hesitantes.Não me pergunte "o que" para saber o "como" tracei e percebi da maravilha que foram as coisas, se, afinal, o que fores sem saber ? Em que momento deram-se os erros atropelados por mais erros durante a expressão partida - meio estranha, meio contida - que a consciência em vigília não atentou para o crime da ilusão ? Descreio, sei o que me causou, o que me fizeste. Faço perguntas para dialogar com o entrave da negação e encher o vão que me cobriu, tudo isso para me sentir melhor em ti.
Até pena eu de mim comunguei e excomunguei quando já não mais era nobre. Pedi por gratidão, apontei para a louvável expressão romântica da doação desnuda, digna de incontestável reconhecimento, e então, pedi que fosses o quão clara não consegui ser. Dispus-me a rasgar o coração exultante em palavras ingênuas e frias, no assalto do desejo à consciência.
Queime a madeira fria, acalente os meus anseios em aconchego, derrete os nós da apreensão. Amadurece coração amado, e ama a forma inédita de amar.
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Apresentação
UM
À Suprema Vontade Comum, é para isso que meu cérebro tem se empenhado em concretizar na condição de comandante chefe. Como se não existisse possibilidade outra que não, sim, a minha. Que outra ? Melhor não há! Até que então concebo a sua existência.
Há pouco eu não era, melhor, era o que você quisesse. Daí então vem o indivíduo super confiante que tenta dominar, saber e persuadir as intenções de um monólito; das intenções minhas, são sempre muito justas e cabíveis, sempre cabíveis. O incômodo, a marca grossa, o desrespeito ao outro eu vejo como uma imcompatibilidade gênica, assim como eu não sou modesto e você é menor, você, assim, "doido", e eu tendo o que falar.
E como é fácil me ganhar, fácil eu faço por você, dê-me somente a chance de atestrar a pureza do espírito aos deuses e proclamar somente a verdade. Eu andei praticando exercícios de grosseria, estupidez e desacato pelas ruas e passantes. Mostrar-me um tratante, coitado, de embate com minha natureza polida e cristã, um sacerdote com tudo comovido, de dar dó até em planta. Misericórdia - coitado -, se só aprende o homem no chamuscar da dor.
MESMO que me pego em jogo de Jesus e as criancinhas, Mestre e pupilo; à procura da palavra que arrebata (Teoria é assombro), a palavra que acalente, o gesto curandeiro e denotativo - que seja dito o mal -; à contraparte, atento para o raro ato de ouvir, de deixar falar, a ousadia de questionar a verdade do ser outro - o outro como inexistente, marca Lacan -, de chamar por atenção e esquecê-la, de perceber na impessoalidade do despontar docente a particular dificuldade de cada aluno, a devida e una linguagem de ensino congregadas num só discurso. Talvez a tarefa mais árdua no professorar. Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo, e pena nada monta.
DOIS
Enquanto escrevo - Chopin ainda quer amar - ouço música para pensar em silêncio. Ganham-me os assomos, derivados da mente irriquieta. Não me apetece o talho da loucura, é ramo na haste pesada.
O mundo eu carrego nas costas com disciplina de raro discípulo - por mim e por você. Arrastado pelo tempo ou no encalço atrasado da vida, na cabeça um metrônomo marca preciso a extenção de toda expressão, regente ditatorial da dinâmica social. Um juiz detêm preso e fixo o pensar e anota "o que excedeu fez bem", e se fugisse ao clichê poderia mais; o que não falou ele anotou como passivo e menor e por isso merece reparo. Tenho que aprender a ser só com os outros. A palavra final é do silêncio, não há que ganhar no grito.
Entre mim e ti precede o Eu, escultor de carrara. Atartarugado a mover-me em águas sempre tão profundas em marcha perpétua ao infinito. Menino outonal quer desterrar-se da pequena cidade, do colo da mãe, do passivo mundo das idéias. Agora tem o alvitre para amar ou ficar.
Desarrumo minhas querelas com aquele do espelho. Se dano a pensar não sou. Ponho e reponho nas prateleiras da memória o que um dia me foi. E rumo, faço-me das maneiras mais óbvias. Paro, volto a me fazer. Aquele no espelho resplandece em coragem, sua sagacidade rasga, num fio de olhar, a minha sombra. Ele me dobra e coloca no bolso.
À Suprema Vontade Comum, é para isso que meu cérebro tem se empenhado em concretizar na condição de comandante chefe. Como se não existisse possibilidade outra que não, sim, a minha. Que outra ? Melhor não há! Até que então concebo a sua existência.
Há pouco eu não era, melhor, era o que você quisesse. Daí então vem o indivíduo super confiante que tenta dominar, saber e persuadir as intenções de um monólito; das intenções minhas, são sempre muito justas e cabíveis, sempre cabíveis. O incômodo, a marca grossa, o desrespeito ao outro eu vejo como uma imcompatibilidade gênica, assim como eu não sou modesto e você é menor, você, assim, "doido", e eu tendo o que falar.
E como é fácil me ganhar, fácil eu faço por você, dê-me somente a chance de atestrar a pureza do espírito aos deuses e proclamar somente a verdade. Eu andei praticando exercícios de grosseria, estupidez e desacato pelas ruas e passantes. Mostrar-me um tratante, coitado, de embate com minha natureza polida e cristã, um sacerdote com tudo comovido, de dar dó até em planta. Misericórdia - coitado -, se só aprende o homem no chamuscar da dor.
MESMO que me pego em jogo de Jesus e as criancinhas, Mestre e pupilo; à procura da palavra que arrebata (Teoria é assombro), a palavra que acalente, o gesto curandeiro e denotativo - que seja dito o mal -; à contraparte, atento para o raro ato de ouvir, de deixar falar, a ousadia de questionar a verdade do ser outro - o outro como inexistente, marca Lacan -, de chamar por atenção e esquecê-la, de perceber na impessoalidade do despontar docente a particular dificuldade de cada aluno, a devida e una linguagem de ensino congregadas num só discurso. Talvez a tarefa mais árdua no professorar. Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo, e pena nada monta.
DOIS
Enquanto escrevo - Chopin ainda quer amar - ouço música para pensar em silêncio. Ganham-me os assomos, derivados da mente irriquieta. Não me apetece o talho da loucura, é ramo na haste pesada.
O mundo eu carrego nas costas com disciplina de raro discípulo - por mim e por você. Arrastado pelo tempo ou no encalço atrasado da vida, na cabeça um metrônomo marca preciso a extenção de toda expressão, regente ditatorial da dinâmica social. Um juiz detêm preso e fixo o pensar e anota "o que excedeu fez bem", e se fugisse ao clichê poderia mais; o que não falou ele anotou como passivo e menor e por isso merece reparo. Tenho que aprender a ser só com os outros. A palavra final é do silêncio, não há que ganhar no grito.
Entre mim e ti precede o Eu, escultor de carrara. Atartarugado a mover-me em águas sempre tão profundas em marcha perpétua ao infinito. Menino outonal quer desterrar-se da pequena cidade, do colo da mãe, do passivo mundo das idéias. Agora tem o alvitre para amar ou ficar.
Desarrumo minhas querelas com aquele do espelho. Se dano a pensar não sou. Ponho e reponho nas prateleiras da memória o que um dia me foi. E rumo, faço-me das maneiras mais óbvias. Paro, volto a me fazer. Aquele no espelho resplandece em coragem, sua sagacidade rasga, num fio de olhar, a minha sombra. Ele me dobra e coloca no bolso.
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