sábado, 16 de fevereiro de 2008

Raio de amizade (GEOM raio. segmento de reta que liga o centro de um circulo ou esfera a um ponto qualquer desse círculo ou esfera)

Longedura de liames de muito tempos...
A férreo deslancho temporal da hora
Furta, decarrilha mestra o arranque goto da [palavra
Faustíssima Brás cobre, de ouro anunciada,

Ferrenha dor, zarcão oradora dos choros
Circunferência incompleta a espera, à dor,
A paciência exígua bandeira fora o [experiencialismo
Dá as mãos, fraqueja o garfo sem furto de sangue próprio.

Atroz a roga de exalto luz
Quervindro!, Nosoplasta!, Ratrós, Distô...
Vóz, aclima a alegoria ao meneio dos corpos,
Devotos da vossa própria trauma, dessabidos cônscios a vossa
Chaga, refestelada às iras de nódoas tristes crispadas
em choro desvão, (ex)postas para se fazer par
Do que não se sabe

Aluga alma a amiga e lhe conta
Dos infortúnios da mente, falância parlada sem troco
Ablação da tétis contra a parede, sem esperança
De retorno vai e afogueta o gesto, o praticismo
Da ação que não diz senão ‘Salvar-te! Procura no próximo movimento
o sobrenadar no fio líneo a nova certeza
que irá deslanchar nova gira!’
Retorno lívido da nova mostra vida,
O fio entretecer das concatenações,...
As idéias ocorridas e faladas
As falas desditas, arruinadas antes da última palavra
O sicio vazio das palavras vertidas sem fé, desprecavidas,
Desnaturadas ao despontar displicente no outro,
Não aprouve aos SEUS ouvidos!,
‘Qué provam, tánto atestam a vida!?
Colados a ela, não avuados, não.’
São continuamente
verídicos
– carregam a ceifa invencível da verdade, unicamente verdadeira –
Para apoiar-se ao ombro alheio,
fincá-lo com tagarelice – chão corrido de ventos nus –,
e a verdade não existe,
existe ‘um cafezinho, a tia da minha mãe de Pelotas, á formiga aqui na conta atrasada’
a sabedoria é para os sábios...
não se fala sabedoria,
ela também não existe,
quem a carrega?

A mão que trabalha
Assevera mais a mão
E a cabeça ao prego.
















Renè Magritte 1959. La chiave di ghiaccio

Rotos anjos

Não tenho mais posse de mim
As vozes que me dizem
Controlam ânsia e excesso
Volto a mim ainda duro.

Condigo as suas frases sonoras
Me traem incrédulos os ouvidos
Fastio da mente que ouvisse somente vibrações,
Intensas, amenas, surdas de julgo
Porque a vida cansa e pede vislumbre calado
Fora as cigarras meditativas e bem-te-vis [louvadores
Arrastassem somente as cobras, refestelassem [as bananeiras
Correndo apenas luz dos pensamentos

De instrumentos queixas, clamores, brados,
A linguagem musical surda fonemas sem fama,
Que regam, oram, apregoam pontes, fluem rio de idéias,
Chutam a política impulsiva, reverenciam as boas maneiras,
afastam e regressam o amor de amor de mim...

Fulo ímpeto de ganho mundo, exterior a conselhos,
Da otoacústica enternecida de rendição branca,
De cultivo frútifero de amores,
A juventude anelada de amores,
Rutilados em poucas vozes,
Vascularizados, diminutos a quatro intentos
Sorvidos sacrílegos,
Sofridos heréticos sem tempo.

























Marc Chagal - Violinist Amsterdam